Blog destinado à divulgação do eBook "Protocolos de Suporte Nutricional Parenteral e Enteral" e da literatura referente à Terapia Nutricional.
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Lançamento de livro
Guia para Prescrição e Administração
de Medicamentos por Sondas Enterais
Autor: Pedro Paulo Guerra
Este livro, lançado durante o congresso da BRASPEN 2019 em Foz do Iguaçu, é o resultado de uma extensa pesquisa bibliográfica referente à administração de medicamentos por sondas de nutrição enteral.
Está dividido em 02 partes:
Sua primeira metade contém informações sobre a forma de apresentação dos medicamentos usados por via oral no Brasil; suas técnicas de preparo para serem administrados pela sonda de nutrição enteral; procedimentos recomendados para manuseio de medicamentos que trazem risco ocupacional; técnicas de administração pela sonda; causas de obstrução da sonda e seus mecanismos; procedimentos capazes de evitar a obstrução das sondas e recursos disponíveis para desobstrução.
Sua primeira metade contém informações sobre a forma de apresentação dos medicamentos usados por via oral no Brasil; suas técnicas de preparo para serem administrados pela sonda de nutrição enteral; procedimentos recomendados para manuseio de medicamentos que trazem risco ocupacional; técnicas de administração pela sonda; causas de obstrução da sonda e seus mecanismos; procedimentos capazes de evitar a obstrução das sondas e recursos disponíveis para desobstrução.
Disponível na Editora Rubio |
Em sua segunda metade, é apresentada uma lista com 700 medicamentos disponíveis no mercado brasileiro, fruto da compilação de diversas fontes bibliográficas, contemplando as formas farmacêuticas disponíveis comercialmente, indicando a possibilidade ou não de o medicamento ser administrado através da sonda, o modo de preparo do medicamento para administração, assim como o tempo de parada da nutrição enteral antes e após a administração do fármaco.
Os 700 medicamentos abordados no livro dão ao profissional ampla gama de escolha entre perfis farmacológicos e adequação ao uso da sonda para inúmeras patologias. Trata-se de uma obra essencial ao acompanhamento de pacientes críticos, daqueles portadores de doenças crônicas e mesmo com eventuais quadros agudos que impossibilitem a alimentação sem o uso da sonda enteral, mas exijam o uso concomitante de medicamentos, quadros comuns na prática clínica.
CONTEÚDO
Capítulo I: Nutrição enteral e administração de medicamentos
- Medicamentos podem ser administrados pela sonda de NE
- Formas de apresentação dos medicamentos usados por via oral
- Preparo dos medicamentos para administração pela sonda
- Riscos ocupacionais no preparo dos medicamentos
- Técnica de administração dos medicamentos pela sonda
- Tipos de interações podem ocorrer entre os medicamentos e a NE
- Tipos de obstrução que podem ocorrer na sonda para NE
- Mecanismos responsáveis pelo entupimento da sonda
- Elementos que contribuem para a obstrução das sondas
- Procedimentos capazes de impedir a obstrução da sonda
- Como proceder diante de uma sonda obstruída
- Árvore de decisões para prescrição e administração de medicamentos através de sondas enterais
- Bibliografia
Capítulo II: Lista dos medicamentos com a indicação de como administrar por sonda
- Bibliografia
Obesidade sarcopênica
OBESIDADE SARCOPÊNICA: DADOS EPIDEMIOLÓGICOS, FISIOPATOLOGIA E
PERPECTIVAS PARA TRATAMENTO.
Autores: Chrysi Koliaki, Stavros Liatis, Maria Dalamaga, Alexander
Kokkinos
O texto a seguir apresenta os tópicos discutidos no
artigo, seguido de um resumo do conteúdo de cada tópico.
Introdução: Pontos de destaque:
▫
Os
adultos com mais de 65 anos constituem 13% da população global
▫
Este
número está crescendo rapidamente.
▫
O
processo de envelhecimento é acompanhado de diminuição progressiva e
generalizada da massa e da força muscular (sarcopenia)
▫
O
número de obesos na população idosa está também crescendo, como resultado de
uma vida sedentária e uma dieta inadequada.
▫
A
confluência desta duas patologias (obesidade e sarcopenia) no mesmo indivíduo
resulta no fenótipo denominado obesidade sarcopênica. (OS)
▫
Os
principais mecanismos envolvidos na patogenia da sarcopenia são: alterações
hormonais devidas à idade, balanço energético positivo, processo inflamatório
crônico de baixa intensidade e resistência à insulina.
Definições:
▫
EWGSOP 2019: (Grupo europeu de estudos em
sarcopenia em idosos)
o
Sarcopenia possível = Diminuição da força muscular
o
Sarcopenia confirmada = Diminuição da força + diminuição da
massa muscular
o
Sarcopenia grave: Diminuição da força + diminuição da
massa muscular + diminuição da função
▫
IWGS (Grupo internacional de estudos em
sarcopenia)
o
Sarcopenia = Diminuição da massa muscular +
diminuição da função (velocidade de marcha < 1 m/s)
▫
FNIH (Fundação Instituto Nacional de
Saúde - Projeto sarcopenia)
o
Sarcopenia = Baixa massa muscular + diminuição da
força muscular + diminuição da performace.
▫
Métodos
disponíveis para a medida da massa muscular:
o
Medida
da massa muscular apendicular: Soma das massas musculares dos membros
superiores e membros inferiores.
o
Índice
de massa muscular apendicular: Massa muscular apendicular/ quadrado da altura
o
Massa
muscular apendicular em relação ao IMC.
o
Massa
muscular apendicular em relação à “massa gorda”
▫
Métodos
de medida da força muscular:
o
Força
do aperto de mão (Força de preensão palmar)
o
Força
de extensão do joelho
Obesidade:
▫
Métodos de avaliação:
o
IMC
o
Medida
da gordura corporal por DXA ou BIA
o
Medida
da circunferência da cintura e medida da gordura visceral pela CT
▫
Pontos de corte para obesidade
o
IMC
≥ 30
o
Massa
corporal gorda ≥ 27-28% para homens
o
Massa
corporal gorda ≥ 35-38 ou 40% para mulheres
o
Aumento
da circunferência abdominal: (> 88 para mulheres e > 102 para homens.)
Prevalência da OS: Entre 5 a 10% dos idosos, considerando-se uma média dos
estudos publicados.
▫
Igual
entre homens e mulheres
▫
Menos
elevada entre os negros
▫
Mais
elevada entre os com idade > 80 anos.
Mecanismos envolvidos na
fisiopatologia da OS:
Os
principais mecanismos são:
▫
Mudanças
na composição corporal devidas à idade
▫
Alterações
hormonais
▫
Citocinas
pró-inflamatórias produzidas no tecido adiposo
▫
Deposição
intracelular de lipídios nas células musculares provocando entre outras
alterações disfunção das mitocôndrias.
Obesidade sarcopênica ou obeso
sarcopênico?
▫
Há
uma associação bilateral entre sarcopenia e obesidade na gênese da obesidade
sarcopênica uma vez que a diminuição da massa muscular encontrada na sarcopenia
reduz o gasto energético basal que por sua vez, ajudaria no ganho de peso
através do acumulo de gordura.
▫
A
obesidade pode provocar o desenvolvimento e a progressão da sarcopenia por
vários mecanismos visto que o tecido adiposo e o tecido muscular estão
fortemente interligados (citocinas e adipocinas provenientes do tecido adiposo
produzem efeitos adversos no tecido muscular tais como resistência à insulina,
diminuição da oxidação de lipídios, e deposição intracelular de lipídios.)
▫
Para
ressaltar a influência da obesidade na fisiopatologia da OS, alguns autores
sugerem mudar a denominação para obeso sarcopênico.
Consequências da OS para a saúde do
indivíduo.
A obesidade sarcopênica está relacionada a:
▫
Limitações
na mobilidade
▫
Diminuição
da capacidade física
▫
Aumento
na resistência à insulina
▫
Dislipidemia
▫
Hipertensão
▫
Diabetes
tipo 2
▫
Maior
risco de fraturas
▫
Depressão
▫
Piora
na qualidade de vida
Opções de tratamento da obesidade
sarcopênica.
As
intervenções que devem ser implantadas em conjunto são:
Restrição
calórica e atividade física.
▫
Recomendações referentes à restrição
calórica
o
Restrição
calórica moderada: diminuir 200 a 750 kcal/dia
o
Ingerir
proteína de alto valor biológico (proteína animal)
o
Oferta
proteica de 1-2 g/kg/dia (ou mais em situações especiais)
o
Oferta
de aminoácidos essenciais com elevada proporção de leucina
o
Recomendar
o consumo fracionado da cota proteica (a cada 3-4 h) em substituição a ingestão
de proteína nas 2 refeições diárias.
o
Suplementação
de cálcio e de vitamina D
▫
Recomendações para a atividade física;
o
Todos
idosos devem realizar 150 min/semana de atividade física aeróbica, de
intensidade moderada a intensa, combinada com sessões de treino focadas na
força, flexibilidade e equilíbrio.
o
Alternativas:
Yoga, Tai chi, hidroginástica: ainda não há estudos validando a eficácia destas alternativas nos idosos com sarcopenia.
Opções de tratamento medicamentoso:
Testosterona: embora tenha a capacidade de aumentar
a massa muscular em homens portadores de hipogonadismo, as sociedades
endócrinas e as de obesidade, não recomendam o uso da testosterona pata tratamento
da OS.
Moduladores seletivos dos receptores
androgênicos: devido
a sua segurança no uso, teoricamente seriam benéficos no tratamento da OS.
Inibidores da miostatina: parecem ser o futuro do tratamento
Terapia com aparelhos de vibrações de
corpo inteiro
(Plataformas vibratórias): Parecem ser benéficas
Tutorial sobre diarreia
Tutorial sobre diarreia durante a NE: Um guia passo a passo
Autores: Pitta MR,
Campos FM, Monteiro AG, Cunha AGF, Porto JD, Gomes RR.
Instituto Brasiliense de Nutrologia (IBRANUTRO), Brasília,
Brasil.
JPEN J Parenter Enteral Nutr.
2019 Aug 11. [Epub ahead of print]
Neste artigo, após uma introdução com a definição e a
frequência com que a diarreia ocorre durante a NE, os autores fazem uma revisão
detalhada sobre os elementos que podem estar envolvidos na diarreia durante a
nutrição enteral.
A seguir trazemos um resumo dos tópicos abordados no artigo.
Definição: diarreia é
um aumento anormal na frequência das evacuações com diminuição na consistência
das fezes, caracterizados por mais de 3-5 evacuações/dia ou mais de 750 ml de
fezes eliminadas ao dia.
Frequência
da diarreia: ocorre em creca de 14 a 21% dos pacientes em UTI
Mecanismos causadores
de diarreia:
a.
Diarreia osmótica
b.
Diarreia secretória
c.
Diarreia exsudativa
d.
Diarreia por aumento motilidade
Revisão dos
elementos que podem estar envolvidos na diarreia.
1.
Nutrição
enteral:
A NE como
responsável pela diarreia é pouco frequente e só deve ser questionada após a
exclusão de todas as outras causa.
A NE contendo a proteína
completamente hidrolisada (NE elementar) geralmente é usada quando a diarreia é
devida à má-absorção.
A
literatura não recomenda o uso de NE
pobre em gorduras como forma de reduzir os episódios de diarreia durante a NE,
embora, em teoria, uma grande carga de lipídios em uma refeição pode funcionar
como um “gatilho” para a diarreia.
As
formulações de NE contendo TCM e óleo de peixe são geralmente mais bem
toleradas pela maior facilidade na absorção do TCM e pela influência que o óleo
de peixe exerce no processo inflamatório.
As dietas enterais com restrição de
lactose, frutose e/ou sacarose devem ser consideradas nos casos em que a
diarreia surge durante o uso de antibióticos.
A
osmolaridade da dieta, por si só não afetaria a frequência ou duração da
diarreia.
O uso de dietas com osmolaridade
alta em pacientes com hipoalbuminemia pode criar um cenário favorável ao
surgimento da diarreia.
2.
FODMAPS:
Embora
não haja consenso, alguns trabalhos apontam que as dietas com baixas
quantidades de FODMAPS estão associadas a menos episódios de diarreia.
3.
Fibras:
Na
ausência de instabilidade hemodinâmica, as dietas contendo 10-20 g de fibras
/dia (fibras solúveis ou um mix de fibras) são benéficas no que se refere à
prevenção e/ou melhora da diarreia.
4.
Probióticos:
O
uso dos probióticos no tratamento da diarreia é indicado nos pacientes com
diarreia causada pelo uso de antibióticos e na diarreia causada pelo
Clostridium difficile, desde que o paciente seja imuno-competente.
5.
Glutamina:
Os trabalhos atuais
indicam que, em função dos efeitos benéficos da glutamina na mucosa intestinal,
seu uso deve ser considerado no tratamento da diarreia que ocorra nos pacientes
que não estejam em ventilação mecânica, não apresentem falência de múltiplos
órgãos e não sejam portadores de neoplasia.
6.
Velocidade de administração da NE:
Velocidades excessivas
na administração da NE podem ser as responsáveis pela diarreia.
7.
Localização
da sonda.
O
estomago tolera dietas com osmolaridade alta e o jejuno só deve receber dietas
isotônicas ou hipotônicas.
8.
Contaminação
da dieta:
A
contaminação bacteriana da dieta enteral é uma causa rara de diarreia.
As tabelas a seguir resumem o que foi exposto no artigo sobre
as causas da diarreia, os medicamentos causadores de diarreia, as drogas
disponíveis para o manejo da diarreia, a classificação da gravidade da colite
pseudomembranosa e suas opções terapêuticas.
Tabela 1: Causas
de diarreia:
Mecanismo
|
Causas
|
Intolerância
|
Lactose, sorbitol, frutose
|
Infeccioso
|
Vírus, bactérias,
parasitas, outros
|
Insuf pancreática
|
Pancreatite crônica
|
Endócrino
|
Hiportireoidismo,
diabetes, Zolinger-Elisson, doença de Addison
|
Tumores
|
Feocromocitoma do tubo
digestivo
|
Má absorção
|
Intestino curto, doença inflamatória
intestinal crônica, doença celíaca, proliferação bacteriana em delgado
|
Má absorção de sais
biliares
|
Colestase,
pós-colecistectomia
|
Intoxicações
|
Intoxicação por metais
pesados
|
Fluxo sanguíneo
|
Má perfusão tecidual
|
Osmolaridade
|
Hipoalbuminemia
|
Tabela 2: Medicamentos
que podem causar diarreia
Grupo
|
Medicamento
|
Antibióticos
|
Vancomicina, ampicilina,
amoxicilina, cefalexina, cefexime, eritromicina, azitromicina, ciprofloxacina
|
Inibidores bomba
|
Omeprazol, esomeprazol,
lansoprazol, rabeprazol
|
Bloqueadores H2
|
Ranitidina, famotidina,
roxatidina
|
Procinéticos
|
Metoclopramida,
Domperidona
|
Colinérgicos
|
Donezepil, rivastigmina,
galantamina, betanecol,
|
Laxantes
|
Óleo de rícino, bisacodil,
senna, lactulose, polietileno glicol, sorbitol, sulfato de magnésio
|
Antidepressivos
|
Fluoxetina, sertralina,
escitalopram, citalopram, paroxetina
|
AINE
|
Diclofenaco, Ibuprofeno, Tenoxicam,
celocoxib
|
Beta bloqueadores
|
Propranolol, bisoprolol
|
Hipoglicemiantes
|
Metformina, acarbose, glipizida
|
Outros
|
Zolpidem, betahistina, colchicina,
digoxina, antiácidos contendo magnésio, suplementos de fósforo e de potássio,
medicamentos contendo manitol, renelato de estrôncio
|
Tabela 3: Medicamentos
para manejo da diarreia.
Medicamento
|
Dose
|
Loperamida
|
Dose inicial 4 mg seguidas
de 2 mg após cada evacuação. Dose máxima 16 mg
|
Sulfato de codeína
|
15 – 60 mg 4/4 horas. Dose
máxima 360 mg/dia
|
Rececadotril
|
100 mg de 6/6 horas. Dose
máxima 400 mg/dia
|
Colestiramina
|
1-6 envelopes/dia. Dose máxima 24 g/dia
|
Tabela 4: Gravidade da colite
pseudomembranosa e tratamento
Gravidade
|
Características
|
Tratamento
|
Não severa
|
Leucócitos ≤15000 +
creatinina ≤ 1,5
|
Vancomicina oral ou
Fidaxomicina* ou
Metronidazol
|
Severa
|
Leucócitos > 1500 +_creatinina
> 1,5
|
|
Fulminante
|
Hipotensão, choque, íleo ou
megacólon
|
Vancomicina VO ou retal + Metronidazol
IV
|
Recorrente
|
Recorrência dos sintomas
dentro de 8 semanas
|
Vancomicina oral ou
Fidaxomicina* ou
Metronidazol
Opção 2: Vancomicina +
Rifaximina** ou Fidaxomicina
Opção3:
Transplante fecal
|
OBS: * Fidaxomicina: Não comercializada no Brasil
** Rifaximina: Comercializada no Brasil com o nome de Xifaxan.
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