Guidelines ESPEN Neurologia - 3


Guidelines ESPEN 2018

Terapia Nutricional em Neurologia

Este guideline foi publicado pela ESPEN em setembro de 2017 e engloba os pacientes portadores de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), Doença de Parkinson, Esclerose Múltipla, Acidente Vascular Encefálico, e portadores de Disfagia Orofaríngea.
Devido à sua extensão, optamos por desmembrar o documento original em 5 partes, cada uma abrangendo uma patologia.
Cada tópico abordado no “guideline” foi transcrito e está seguido do grau de recomendação (resumido na tabela abaixo) e do grau de consenso (Cons), em percentagem, entre os autores.


Graus de recomendação
Grau
Descrição
A
Baseado em meta-análises de alta qualidade
B
Baseado em revisões sistemáticas de alta qualidade
0
Baseado em relato de casos, opinião de especialistas.
GPP
Baseado em consenso entre os especialistas



Parte 3


ESCLEROSE MÚLTIPLA

A Esclerose Múltipla (MS) é um a doença inflamatória, autoimune e crônica do sistema nervoso central que provoca a áreas de destruição da bainha de mielina, ao lado lesões axonais de graus variados com maior incidência entre os adultos jovens.
Ao longo do tempo grande parte da bainha de mielina está lesada o que provoca perda progressiva das funções do SNC.
A perda de peso, a desnutrição e até a caquexia são características bem reconhecidas dos pacientes com MS. As causas das alterações nutricionais estão bem identificadas, incluindo:
  • mobilidade reduzida e fadiga
  • dificuldades visuais e alterações cognitivas
  • diminuição do apetite, dieta inadequada
  • dificuldade para realizar a alimentação
  • disfagia.

A disfagia pode ser uma das complicações da MS que mais afeta o estado nutricional. A disfagia é causada por comprometimento do tronco cerebral e frequentemente está acompanhada de dificuldades na fala.




Recomendações:

  
a)    Prevenção da desnutrição

Sugerimos, para prevenção da MS, uma alimentação com baixo teor de gordura saturada e  rica em ácidos graxos poli-insaturados.
 GR = 1  Cons = 91%

Nós recomendamos a prevenção da obesidade nos adolescentes e nos adultos jovens como forma de prevenir a MS.
GR = B  Cons = 100%

Recomendamos, para prevenção da MS, ingestão de quantidades suficientes de vit D na dieta e a exposição solar adequada de modo a garantir níveis séricos normais de vit D. Nos casos de baixa ingestão de vit D ou baixa exposição solar e subsequentes baixos níveis séricos, recomenda-se a suplementação de vit D.
GR = 1  Cons = 91%

Nós não recomendamos a suplementação de ácidos graxos ω-3 para a prevenção da MS ou de outras doenças desmielinizantes.
 GR = 0  Cons = 95%

Nós não recomendamos a suplementação de vit B12 nem de vit C com a finalidade de prevenir a MS
GR = 0  Cons = 95%

Nós não recomendamos uma dieta sem glúten com a finalidade de prevenir a MS.
GR = B  Cons = 100%



b)    Tratamento

Não há evidências suficientes para recomendar o uso da vit D como terapia em pacientes com MS. Não há evidência clínica sobre os efeitos da vit D em doses altas em comparação com o placebo. Também não há evidências da eficácia de Vit D em doses baixas em comparação com doses altas de Vit D na diminuição das recidivas nos pacientes com MS.
GR = B  Cons = 100%

Não recomendamos a suplementação com ácidos graxos ômega-3 nos pacientes com MS com a finalidade de diminuir o número e a gravidade das recidivas.
A suplementação com ácidos graxos ômega-6 poderia ser de algum benefício em termos de diminuir a número e a gravidade das recidivas
GR = B  Cons = 100%


Recomendamos a detecção precoce e tratamento das causas desnutrição por equipe multidisciplinar em pacientes com SM.
GR = GPP  Cons = 100%

Recomendamos fortemente a realização de aconselhamento dietético para a prevenção e tratamento dos problemas nutricionais em pacientes com MS. Nos pacientes incapazes de satisfazer suas necessidades nutricionais com a alimentação habitual, recomendamos o acréscimo de suplementos nutricionais.
GR = B  Cons = 100%


Não temos nenhuma evidência direta sobre o efeito da terapia nutricional na sobrevida dos pacientes com MS. Há necessidade de mais pesquisas para preencher esta lacuna do conhecimento.
GR = GPP  Cons = 100%


c)    Disfagia

Pacientes com MS devem ser rastreados para disfagia no início e durante o curso da doença, especialmente se eles apresentam disfunção cerebelar.
A triagem deve ser repetida em intervalos regulares, dependendo da situação clínica. Nós não temos evidências suficientes para recomendar um método específico de triagem da disfagia nestes pacientes.
GR = GPP  Cons = 100%

Os pacientes com MS devem ser rastreados rotineiramente para disfagia ao longo do curso da doença, embora não tenhamos evidências suficientes para recomendar os momentos de realizar a reavaliação. Pacientes com incapacidades severas, disfunção cerebelar e doença de longa duração são os que estão em maior risco de apresentarem disfagia.
GR = GPP  Cons = 96%

A avaliação invasiva para disfagia deve ser realizada nos portadores de MS que apresentam risco de disfagia (incapacidades severas, disfunção cerebelar e longa duração da doença) ou quando a disfagia torna-se uma queixa do paciente.
Não temos elementos suficientes para recomendar um método específico para o diagnóstico da disfagia.
GR = GPP  Cons = 100%

Recomendamos, em pacientes com MS e disfagia, o uso de alimentos e de líquidos com consistência modificada, para garantir uma deglutição segura, de acordo com as necessidades de cada paciente.
GR = GPP  Cons = 96%

Por falta de evidências, não há uma recomendação específica para o tratamento da disfagia na MS, portanto devem ser seguidas as recomendações gerais para os pacientes disfágicos..
GR = GPP  Cons = 100%

Recomenda-se o uso da NE em pacientes disfágicos incapazes de atender suas necessidades nutricionais por via oral.
Deve-se realizar a gastrostomia por via endoscópica nos pacientes portadores de MS e outros distúrbios neurológicos crônicos.
GR = B  Cons = 96%









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