Prescrição da NE na UTI: Volume por dia vs ml/hora. Impacto na quantidade fornecida e no controle glicêmico
Autores: Roberts S, Brody R, Rawal S, Byham-Gray L.
Nutrition Services, Baylor
University Medical Center, Dallas, Texas, USA.
JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2018 Sep 19.
doi: 10.1002/jpen.1428. [Epub ahead of print]
Introduçao:
A baixa
oferta nutricional nos pacientes recebendo nutrição enteral (NE) é
prevalente em unidades de terapia intensiva (UTI) e está ligada a pior evolução.
Este estudo avaliou os resultados obtidos com a prescrição
da NE baseada em fluxo * (RBEN) vs prescrição da NE baseada em volume * (VBEN) sobre a quantidade de enrgia e proteina fornecidas
como também sobre a glicemia e o controle glicêmico (CG).
Métodos:
Estudo retrospectivo comparando os pacientes
adultos que iniciaram ventilação mecânica nas primeiras 48 de admissão na UTI
e que receberam prescrição de RBEN (n =
85) com os que que receberam prescrição VBEN (n = 86), por 3 dias consecutivos, durante os
primeiros 12 dias da UTI.
Nos pacientes recebendo RBEN, a NE era reiniciada
no mesmo ritmo após cada interrupçao.
Nos pacientes com prescrição de VBEN, após cada
interrupção, o fluxo da bomba de infusão era reajustado para cumprir o tempo de
administração estipulado na prescrição da NE, até o limite máximo de 150 ml/h.
Resultados:
Comparando os 2 grupos, o grupo VBEN recebeu
aproximadamente:
o 200 kcal a mais
por dia
o 12 g de proteina
a mais por dia
As análises de regressão linear revelaram que a VBEN aumentou em 8,9% a energia (P = 0,002) e
aumentou em 7,7% na proteína (P = 0,004)
recebida, após o ajuste para idade, escore de APACHE II, duração, dia de início
da NE e admissão na UTI
Em relação à hiperglicemia e à variabilidade
glicêmica não houve diferenças entre os
dois grupos mesmo após ajustes para idade, índice de massa corporal, história de
diabetes, diagnóstico primário e porcentagem de dias recebendo
corticosteróides.
Conclusão:
A prescrição da
NE baseada em volume (VBEN), comparada com a prescrição baseada em fluxo (RBEN),
foi capaz promover pequenos aumentos diários na energia e na proteína recebida
sem afetar o controle glicêmico.
Apesar da do pequeno ganho diário, na oferta de
energia e proteína, este ganho torna-se significativo na medida em que aumentam
os dias de permanência na UTI.
Os resultados obtidos sugerem que a VBEN é uma
estratégia segura e eficaz para melhorar o fornecimento de NE na UTI.
*Comentários:
1.
Chamamos
a atenção para o fato de que neste estudo, 98,8% dos pacientes com prescrição de NE por
volume, recebiam NE NO ESTÔMAGO.
2.
Exemplo
de prescrição baseada em fluxo (RBEN):
Nutrição enteral: Administrar a 75 ml/h
3.
Exemplo
de prescrição baseada em volume (VBEN): Nutrição enteral: Administrar 1500 ml
em 20 horas.
4.
Exemplo
de ajustes a serem feitos na NE prescrita por volume:
a.
Supondo
que na prescrição consta: Nutrição enteral: Administrar 1500 ml em 20 horas.
b.
A
NE foi iniciada as 10h da manhã devendo terminar às 6 h da manhã do dia
seguinte e portanto a Bomba de infusão estava regulada para 75ml/h.
c.
Supondo
que houve interrupção da NE, no período da tarde, para realização de
traqueostomia.
d.
O
procedimento terminou às 18 horas e ainda restavam 1100 ml de NE que deveriam
ser administrados durante as próximas 12 horas.
e.
No
reinício da NE a BI deve ser ajustada para 91 ml/h (ou seja 1100/12 = 91) para que toda a NE prescrita seja administrada até às 6h do dia seguinte.
f.
Caso
haja nova interrupção, novo cálculo deve ser feito.
g.
A
Velocidade máxima possível seria de 150 ml/h
5.
Acreditamos
que apenas os pacientes recebendo NE no estômago devam ser incluídos nesta
modalidade de prescrição.
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