- NE precoce versus NP precoce


Nutrição enteral precoce versus parenteral em adultos em ventilação mecânica e choque: estudo randomizado, controlado, multicêntrico, aberto, de grupos paralelos (NUTRIREA-2).

Autores: Reignier JBoisramé-Helms JBrisard L et al. 

Lancet. 2018 Jan 13;391(10116):133-143


BACKGROUD:
Há controvérsias se a via de administração do aporte nutricional precoce afeta o prognóstico dos pacientes portadores de doenças agudas graves.
A nossa hipótese é que o prognóstico é melhor nos pacientes que recebem NE precoce comparados com os que recebem NP.

MÉTODOS:
Neste estudo randomizado, controlado, multicêntrico, aberto, de grupos paralelos (ensaio NUTRIREA-2) realizado em 44 unidades de terapia intensiva (UTIs) francesas, adultos (18 anos ou mais) em ventilação mecânica invasiva e suporte vasopressor para controle do choque, foram aleatoriamente designados (1: 1) a receberem nutrição parenteral ou nutrição enteral, ambos visando metas normocalóricas (20-25 kcal / kg por dia), iniciada dentro de 24 horas após a intubação.


A randomização foi estratificada por um centro, usando blocos de permutação de tamanhos variáveis. Dado que a via de administração da nutrição não pode ser ocultada, o estudo não foi cego para médicos e enfermeiros.  Os pacientes que receberem nutrição parenteral poderiam passar a receber nutrição enteral após pelo menos 72 horas depois da resolução do choque (sem suporte vasopressor por 24 horas consecutivas e lactato arterial <2 mmol / L). O objetivo primário foi conhecer a mortalidade ocorrida até o 28º dia após a randomização dos grupos.
Este estudo está registrado no ClinicalTrials.gov, sob o número NCT01802099.

RESULTADOS:
Após a segunda análise interna, o Comitê Independente de Segurança e Monitoramento de Dados considerou improvável que a continuação da inclusão de pacientes alterasse significativamente os resultados do estudo e recomendou interromper o recrutamento de pacientes.
Entre 22 de março de 2013 e 30 de junho de 2015, 2410 pacientes foram inscritos e distribuídos aleatoriamente; 1202 para o grupo enteral e 1208 para o grupo parenteral. No 28º dia após a randomização, 443 (37%) dos 1202 pacientes no grupo enteral e 422 (35%) dos 1208 pacientes no grupo parenteral tinham morrido (diferença absoluta estimada de 2%; [95% CI -1] 9 a 5 8], p = 0 33).
A incidência cumulativa de pacientes com infecções adquiridas na UTI não diferiu entre o grupo enteral (173 [14%]) e o grupo parenteral (194 [16%]; razão de risco [HR] 0 · 89 [IC 95% 0] 72- 1 · 09], p = 0 · 25).
Comparado com o grupo parenteral, o grupo enteral teve maior incidência cumulativa de pacientes com vômitos (406 [34%] vs 246 [20%]; HR 1 · 89 [1 · 62-2 · 20]; p <0 · 0001) , diarreia (432 [36%] vs 393 [33%]; 1 · 20 [1 · 05-1 · 37]; p = 0,009), isquemia intestinal (19 [2%] vs cinco [<1%] ; 3 · 84 [1 · 43-10 · 3]; p = 0,007) e pseudo-obstrução colônica aguda (11 [1%] vs 3 [<1%]; 3,7 · [1; 03-13]; · 2; p = 0 · 04).

INTERPRETAÇÃO:
Em pacientes adultos portadores de choque e submetidos à ventilação mecânica invasiva, o uso da nutrição enteral precoce (com metas normocalóricas de 20-25 Kcal/kg) não reduziu a mortalidade nem o risco de infecções secundárias, mas foi acompanhada de um maior risco de complicações digestivas em comparação com a nutrição parenteral isocalórica, também iniciada precocemente.

FINANCIAMENTO:
Hospital Departamental La Roche-sur-Yon e Ministério da Saúde da França.

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